História

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sábado, 24 de outubro de 2015

Enfrentamento da ditadura militar

Após 1945, inaugurou-se um dos períodos mais ricos da vida política brasileira, e a luta dos afrodescendentes contra a discriminação se mesclou à luta por justiça social e ampliação da democracia. Um exemplo disso é a promulgação da Lei Afonso Arinos, em 1951, que proibia qualquer ato de discriminação racial no Brasil.

A luta dos afrodescendentes durante a ditadura pode ser pensada em dois campos que, por sua vez, se conectavam: o cultural e o político.

No campo cultural, a valorização do negro dentro da cultura brasileira começou a desenvolver um espaço próprio.No samba, por exemplo, incrementou-se um processo de valorização das raízes negras e africanas, ainda que o gênero fosse símbolo de brasilidade. No final dos anos 1960 e início dos anos 1970, na explosão da “black music”, artistas como Tim Maia e Toni Tornado colocaram em pauta explicitamente a questão da luta contra a discriminação. Nas periferias, começou a surgir uma nova consciência entre jovens e adolescentes cujo foco era a valorização da “identidade racial” e a percepção do preconceito explícito ou disfarçado que marcava a sociedade brasileira. 

No campo político, a novidade dos anos 1970 foi o ressurgimento de um movimento negro altamente politizado e influenciado por ideologias marxistas e muitos partidos e grupos marxistas – como o PCB e o PC do B – já tinham colocado a “questão racial” em seus programas, manifestos, resoluções. O Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (MNU) foi fundado em 1978 num ato público que reuniu 2 mil pessoas, no dia 7 de julho daquele ano, nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo. O ato era uma resposta à discriminação sofrida por quatro jovens atletas negros num clube esportivo de São Paulo, além de outros eventos de violência policial contra os negros.a ditadura militar brasileira retomou a ideologia da “democracia racial” como um de seus eixos de integração nacional autoritária. Para a ditadura e seus ideólogos, a racialização das desigualdades no Brasil e as pautas do movimento negro eram antipatrióticas, imitação superficial e descontextualizada do movimento negro estadunidense. Afirmava-se que aqui não existia racismo.

Uma das propostas mais ousadas do MNU se deu no bojo do movimento pela Anistia, em 1978. Alguns textos do movimento sugeriam que todos os “presos comuns” afrodescendentes fossem considerados “presos políticos” e, portanto, anistiados. O Programa de Ação do MNU era composto por 16 itens, entre eles, a realização de uma reforma agrária radical, a proteção dos acampamentos dos sem-terra, o direito de sindicalização dos trabalhadores e uma reforma geral do ensino. Além disso, encampou as lutas específicas das mulheres negras, duplamente discriminadas, por serem negras e mulheres, numa sociedade racista e machista. A idealização das “raízes africanas”, vistas em seu conjunto sem se preocupar com as etnias ou nacionalidades do continente, o Pan-Africanismo e a necessidade de se conectar com outros movimentos negros ao redor do mundo davam o tom da luta do MNU.


REFERÊNCIAS:
Afrodescendentes. Memórias da Ditadura. Disponível em http://memoriasdaditadura.org.br/afrodescendentes/ Acesso em: 20\08\15.

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